A ECLESIOLOGIA DETERMINA A LITURGIA?



A CBESP realizou no dia 16 de junho findo seu primeiro Congresso de Eclesiologia. Uma necessidade antiga e oportunidade para rememorar o verdadeiro papel da Igreja na atualidade. São tantos os conceitos sobre a Igreja e de Igreja que se faz necessário pensar sobre o assunto. As Igrejas agem em conformidade com a cabeça do líder, nem sempre interessado no significado real do que seja ser Igreja de Cristo. O que exige, volta à Bíblia para se definir ou redefinir o que é Igreja. O fator histórico que tem mantido a Igreja através dos séculos não pode ser desprezado. A sua forma de governo. A confusão entre Igreja, templo, comunidade, lugar e líderes que dão nome à Igreja e a administram exigem uma retomada de esclarecimento. O medo de alguns em usar o nome Igreja, preferindo comunidadee outros adereços para identificar o povo de Deus reunido emadoração, tem levado a liderança a buscar soluções paraa Babel atual.

Mesmo assim a Igreja tem se revelado misteriosa ao resistir a todos os embates do inimigo para destruí-la. Este aspecto misteriosoda Igreja é emocionante. Um “pastor” assume a direção do rebanho. Muda toda estrutura funcional da Igreja. Elimina a EBD, fonte de aprimoramento espiritual do salvos. Abole a literatura e introduz outra com suas discrepâncias doutrinárias. Muda o processo democrático. Não presta relatórios ao povo. Expulsa os que se opõem a sua administração. Manda o povo rasgar algumas páginas da Bíblia, eliminar determinados versículos, como não canônicos e carentes de inspiração. Deixa de lado a doutrina, a Palavra de Deus e passa a pregar filosofia, sociologia, teologia contemporânea e outras heresias. O povo abandona o local. Mas, sempre há os que resistem. Após um período de lágrimas, divisões de famílias, a Igreja renasce machucada, é verdade, mas esplendorosa comonoiva de Cristo. Ninguém consegue destruir a Igreja do Senhor.

Os preletores do Congresso, homens ilibados, doutos, palavra comprometida com a Bíblia, ministérios aprovados, integrados na Denominação batista, convictos, distintos entre os pastores, At 15;22, em suma : homens de Deus, atenderam a expectativa. As palestras foram elaboradas com carinho e responsabilidade. Nada de improvisado. Frutos de acurada pesquisa e estudo. O único senão foram as ementas elaboradas pelos dirigentes que terminaram por limitar a área de ação dos preletores. Constrangidos pelos limites sugeridos ou impostos, não sei, algumas questões de suma importância na atualidade não foram tocadas com profundidade.A comprovação está na “seleção” que o moderadorfez das perguntas do auditório. Ao fugir de alguns questionamentos, o moderador deixou claro que não havia interesse em se discutir questões relevantes da Igreja atual. Percebendo tal agir, os preletores não entraram em detalhes necessários ao comportamento atual da Igreja. A fuga da liturgia diminuiu o brilho da Eclesiologia. Afinal, pode-se contestar que o Congresso era sobre Eclesiologia e não Liturgia. Como boa parte dos hinetos entoados continham aberrações doutrinarias e teológicas, em nome da liberdade poética, é preciso perguntar se estamos dispostos a recolocar a Igreja em seus verdadeiros trilhos? A liderança está disposta a pagar o preço? Difícil responder. Compensa tentar ou é melhor aceitar a realidade de que, enquanto Convenção perdemos por completo, a autoridade de sugerir, ensinar e dizer às Igreja como administrar e como elaborar seus cultos, de tal forma a não contradizer sua origem Batista? O cacoete pentecostal, há muito assumido pelos batistas, tornou-se vicio. Dificilmente tal hábito será erradicado de nossas Igrejas e cultos.

Parabéns a CBESP pela realização do Congresso de Eclesiologia. Parabéns aos preletores pelo rememorar históricos e pelas lições sugeridas.

Precisamos aprofundar a discussão, incluindo a Liturgia como tema de reflexão. Um Congresso de Eclesiologia integrado à Liturgia. Ou um Congresso apenas sobre a Liturgia. A Igreja consegue e tem sobrevivido com Eclesiologia deficiente. Razão simples: nem sempre a Eclesiologia é da Igreja, mas do líder que a impõe por interesses escusos. Afastado o líder, a Igreja retorna ao seu ponto de origem.

A Liturgia é mais desafiadora. Quem está disposto a se insurgir aos denominados “grupos de louvor”? Aos ministros de música que aderem a qualquer “cântico” sem escoimar o assassinato da língua, as heresias doutrinárias o bom senso eda irritante repetição? Isto sem contar com o baile para embalar a cobiça dos não salvos no auditório? Alguém tem coragem para contestar as “comunidades” produtoras de músicas e letras humanísticas, que nada tem a ver com a Bíblia? Difícil! Mas é preciso.

Não é a Eclesiologia que descaracteriza a Igreja, a Liturgia sim. Temos Associações de Músicos que poderiam aceitar o desafio de melhorar a liturgia. Mas… Logo cabe a Convenção ir à frente ao seu proposito e projeto de revitalizar a Igreja, buscando a pureza do Evangelho. Lembrando que tal agir terminará por incluir as Instituições Teológicas, onde são forjados os que vão administrar a Eclesiologia e a Liturgia nas Igrejas. Compensa crer e aguardar.

Pastor Julio Oliveira Sanches